Quando a satisfação é uma armadilha

Quando satisfação é uma armadilh


Quando a satisfação é uma armadilha: Um alto nível de satisfação é apenas um dos indicadores, e nem sempre é uma boa notícia por si só

Clientes satisfeitos são muito melhores do que clientes insatisfeitos, não resta nenhuma dúvida. Porém, num cenário B2B, um alto nível de satisfação é apenas um dos indicadores, e nem sempre é uma boa notícia por si só.

Quando falamos de B2C, se você vende, por exemplo, sabão em pó, e o seu cliente está satisfeito com o produto, ele continuará comprando o seu sabão sempre que precisar, e esse é basicamente o seu maior objetivo, cultivar fidelidade ao produto.

Já empresas B2B geralmente têm ambições muito maiores e mais complexas em relação aos seus clientes, principalmente nas grandes contas. Up selling e Cross selling são mais do que desejos, são indispensáveis para que o custo de aquisição do cliente se pague.

É comum que empresas entrem numa grande conta com pequenos serviços pontuais ou produtos de menor valor agregado, com o objetivo de “colocar o pé” na conta, para depois trabalhar a sua gradual expansão. É aqui que mora o perigo.

Muitas vezes essa fase inicial (ou algum outro momento marcante) acaba definindo e moldando a Imagem desse fornecedor perante o cliente, e essa imagem rapidamente se cristaliza, e condena o fornecedor a um futuro de repetições, margens estreitas e estagnação.
Repare que isso acontece não porque o fornecedor tenha cometido alguma falha ou erro, muito pelo contrário, essa Imagem se formou justamente por esse fornecedor ter se mostrado muito bom em algo específico, e acabar totalmente vinculado ao contexto daquele sucesso.

Para ilustrar esse dilema, veja alguns exemplos de cenários e frases ditas por clientes extremamente satisfeitos que, num Mapeamento detalhado de Imagem, mostraram armadilhas ocultas por trás dessa satisfação:

Os parceiros – “Sempre que tenho uma emergência, eles correm para me ajudar

Essa frase foi uma entre várias declarações semelhantes de clientes de um fornecedor de tecnologia, que possuía um NPS Score acima de 85 (clientes extremamente satisfeitos). O Mapeamento de Imagem mostrou que, de fato, esses clientes associavam o fornecedor a conceitos como “parceiros”, “ágeis” e “comprometidos”, o que é ótimo. Eles também via neles “pouca burocracia” e “pessoas que resolvem”, o que também parece bom.

Porém, esses atributos apareceram associados a “relação informal”, “poucos processos”, “pouca metodologia”, e, por fim, “penso neles para projetos pontuais, de pequeno e médio porte”, visões extremamente negativas para as ambições do fornecedor. Foi fácil perceber, durante a Análise de Imagem, como um conjunto de atitudes positivas acabaram gerando conclusões desconfortáveis e extremamente limitantes, e tudo isso em clientes que estavam genuinamente satisfeito, e onde o fornecedor vinha fazendo um excelente trabalho há anos. Por sorte, o mapeamento ajudou a desenhar uma estratégia de reversão desse quadro, antes que fosse muito tarde.

Os meticulosos – “Eles entregam sempre exatamente como eu pedi e especifiquei

Essa declaração veio de um dos clientes extremamente satisfeitos de uma grande consultoria de RH e alocação de profissionais. O Mapeamento de Imagem deixou claro que o mercado percebia no fornecedor qualidades como “bons executores”, “meticulosos”, “profissionais” e “detalhistas”. Porém, também os via como uma empresa que “precisa que a demanda esteja muito bem detalhada” e por isso “não os chamo até que eu já tenha pensado em como resolver o problema”.

Essa imagem se completava com a percepção de que eles “não conhecem o meu negócio”, e são “pouco inovadores”. Essas descobertas geraram um forte impacto num fornecedor com grandes ambições por um papel mais estratégico e consultivo dentro das contas, mas também foram um indicativo claro do que devia ser trabalhado para chegar lá, o que viabilizou um plano de ação preciso e eficaz para alinhar a Imagem de Mercado aos objetivos estratégicos da empresa.

A falsa qualidade – “Eles possuem a melhor relação custo / benefício do mercado

Aqui, uma consultoria de TI de médio porte com clientes fiéis e extremamente satisfeitos fez uma descoberta chocante ao longo do Mapeamento de Imagem, que explicava boa parte da sua luta contra margens reduzidas. Embora qualidades e diferenciais como “conhecimento técnico”, “comprometimento” e “qualidade dos produtos e serviços” tenham surgido com frequência, o maior diferencial apontado pelo mercado era, disparado, “preços e condições comerciais”.

O problema era que essa consultoria não se via (nem queria ser vista) como “Low Price”, e sequer tinham consciência de que seus preços baixos eram o principal fator que os fazia conquistar e manter seus clientes, uma descoberta bastante surpreendente e desconfortável para uma empresa cuja nova estratégia era a de focar em serviços premium de maior valor agregado. Por sorte, o Mapeamento de Imagem ajudou a remodelar e ajustar a estratégia, evitando uma guinada mais abrupta e radical do que o previsto, que poderia colocar em risco a base de clientes conquistada ao longo de anos, e tudo isso revelado, ironicamente, não por um defeito ou reclamação, mas pela principal qualidade percebida pelo mercado.


Esses são alguns exemplos que mostram como o índice de satisfação dos clientes tem um caráter mais quantitativo e operacional, que precisa, no caso de empresas B2B, ser complementado por uma plataforma mais analítica e estratégica, para que o significado e as implicações práticas dessa satisfação (ou insatisfação) sejam plenamente compreendidos, e possam se transformar em ações eficazes de apoio estratégico e de vendas, ao invés de simples programas de retenção.

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